ESCOLA DOMINICAL
Como anda a Escola Bíblica Dominical em sua igreja? “Em nossa igreja acabamos com a Escola Dominical. Ela estava matando a igreja. Agora, em seu lugar, temos um louvorzão”, disse-me um líder de uma igreja tradicional. E outro: “Teimar em manter a Escola Dominical e reuniões de oração das quartas-feiras é coisa de uns cabeças duras que ainda tem por aí”. Isto me impulsionou a escrever esta mensagem. Que ela nos faça pensar um pouco sobre o assunto.
“Dia da Escola Dominical” ou “Dia Rumo à Escola Dominical” é o terceiro domingo de setembro. Algumas igrejas comemoram esta data, geralmente, com uma programação alusiva à origem e o elevado objetivo dessa escola. Em todos os tempos, Deus providenciou instrução para o seu povo de alguma forma. E a escola dominical é um dos meios de ensino da vontade de Deus revelada.
Nos dias de Moisés, a responsabilidade do ensino da lei de Deus era primeiro dos pais para com os filhos, porém, havia reuniões também para ensinar, Deut.31;12-13. “Ajuntai o povo, os homens, as mulheres, os meninos e o estrangeiro que está dentro de vossa cidade, para que ouçam, e aprendam, e temam ao Senhor, vosso Deus, e cuidem de cumprir todas as palavras desta lei; para que seus filhos ouçam e aprendam a temer ao Senhor, vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra à qual, ides passando o Jordão, para possuir”. E este ensino era responsabilidade do Sacerdote (II Cron.15.3).
Durante o cativeiro na babilônia, os judeus instituíram a sinagoga, que segundo o historiador Philo, “eram casas para o ensino, tanto de crianças quanto para adultos”. Desde os cinco anos, as crianças eram ensinadas na lei de Moisés e nos comentários e tradições dos rabinos. E aos sábados a reunião era matutina para jovens e adultos.
Após o cativeiro, Neemias e Esdras reuniram o povo, homens, mulheres e crianças, para estudo da Lei, conforme cap 8 do livro de Neemias. E os resultados desse evento foram surpreendentes. Houve arrependimento, confissão de culpa e o propósito de obediência ao Deus da aliança.
Jesus, o mestre por excelência, dignificou a missão de ensinar. Ele ensinava a todo tempo e em todo lugar: nas sinagogas, no templo, nas casas, pelas aldeias, falando a multidões, grupos pequenos e individualmente. E a eficácia do seu ensino é comprovada pela ação dos apóstolos. Doze homens apenas revolucionaram o mundo implantando o Cristianismo até hoje florescente.
A igreja primitiva dava muita ênfase no ensino, em Atos 5.41, lemos: “E todos os dias, e de casa em casa, não cessavam de ensinar e pregar Jesus, o Cristo”. O apóstolo Paulo ficou três anos em Éfeso ensinando Atos 20. 31: “Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um”. Em Corinto ficou um ano e meio (Atos 18.11); o ensino era o trabalho de Barnabé e Paulo em Antioquia: “E partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo; tendo-o encontrado, levou-o para Antioquia. E por todo um ano, se reuniram naquela igreja e ensinaram numerosa multidão“. At. 11.25-26. E Paulo com suas cartas até o último instante de vida.
Na Idade Média, a igreja abandonou os ensinos de Cristo e mergulhou em densas trevas. Os reformadores se levantaram e resgataram o método de Jesus, um ensino ao nível do povo. Eles tinham consciência de que só o verdadeiro conhecimento mudaria os rumos da história. Lutero preocupou-se com a alfabetização, a instrução do povo. Ele escreveu catecismos, bem didáticos para a época, escreveu livros e usou a música. Foi durante a Reforma Protestante que a ideia de educação voltada para todos começou a ser elaborada, e sob os auspícios da religião, tinha como objetivo possibilitar ao fiel o acesso aos textos bíblicos, e assim, a educação era um elemento necessário para a disseminação da nova fé.
E a Escola Bíblica Dominical iniciou-se em 1780, na cidade de Glaucester, Inglaterra, com um jornalista episcopal, chamado Robert Raikes, de 44 anos deidade. Ele visava ajudar meninos de rua e outros pobres que trabalhavam nas fábricas durante toda a semana. Trabalhou harmonicamente com Raikes, Willian Fox, um batista de Londres. Muitas igrejas foram aderindo ao movimento da Escola Dominical. Em 1784, a EBD já contava com 250 mil alunos. Daí em diante espalhou-se por muitos países.
No Brasil, a EBD teve seu início em 19 de agosto de 1855, em Petrópolis, Rio de Janeiro, com o casal escocês, Missionário Robert Read Kalley e sua esposa Dona Sara Poulton Kalley, da Igreja Congregacional. Ele havia sido médico e ateu e Deus fez dele uma bênção. No primeiro domingo da escola estiveram presentes 5 crianças. Depois da aula foram servidas batatas doces para elas. Na medida em que o evangelho foi se desenvolvendo no Brasil, as EBD se multiplicaram.
Qual a finalidade da Escola Dominical no início? Na sua origem, a escola não era só para ensino bíblico. Ela ensinava a leitura e outros matérias, explorava a música, e atividades lúdicas também. Além de instrutiva, a escola era um espaço de encontros, de amizade, onde as pessoas se sentiam acolhidas. E a ED teve o importante papel em pressionar as autoridades para o desenvolvimento da escola pública.
A finalidade da EBD na igreja é levar instrução bíblica visando evangelizar, integrar novos convertidos, promover a comunhão e desenvolver a maturidade dos fiéis. Então, na realidade, o papel da Escola Dominical é a continuação das instruções do Velho Testamento na transmissão das verdades reveladas; e também, o fazer discípulos, como ordenou o Senhor Jesus em Mat.28. 18-19: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado...”
Como atingir objetivos da Escola dominical? Com gente comprometida, de fato, com Deus e com a obra. É preciso dependência do Espírito Santo, ação conjunta dos oficiais, oração e dedicação. É necessário planejar, avaliar os resultados, corrigir desvios, fazer mudanças e criar algo novo. É necessário professores preparados, material adequado e espaço apropriado. Fazer uso da tecnologia que está aí disponível. Tornar o ensino interessante, animado, alegre.
Algumas estratégias atuais estão sendo experimentadas. Por exemplo, um encontro de café coletivo no domingo pela manhã, com um momento de louvor e uma palestra bem participativa. Outros estão fazendo um domingo no parque, com brincadeiras jogos e um momento de louvor, com grupos de estudo muito à vontade, bom tempo de conversa entre os irmãos. E para outros o “louvorzão” mesmo, só no domingo à noite, e as células no domingo à noite. E até uma que eu acho até razoável, dá resultado e é mais econômica, seria fazer a EBD mais próxima do culto da noite.
Os benefícios da EBD são inegáveis. Quando o ensino é feito com sabedoria e amor, as verdades bíblicas simplificadas, ilustradas e aplicáveis, chagam à mente e ao coração do aluno e há benefícios espirituais, físicos, psicológicos e sociais. O evangelho que garante a salvação eterna da alma, traz paz, alegria e segurança ao crente nesta vida também. Todos são abençoados: as crianças recebem formação moral e espiritual; os adolescentes, a formação de uma personalidade cristã; os adultos renovam suas forças para uma vida cristã frutífera e abundante.
Como atingir objetivos da Escola dominical? Com gente comprometida, de fato, com Deus e com a obra. É preciso dependência do Espírito Santo, ação conjunta dos oficiais, oração e dedicação. É necessário planejar, avaliar os resultados, corrigir desvios, fazer mudanças e criar algo novo. É necessário professores preparados, material adequado e espaço apropriado. Fazer uso da tecnologia que está aí disponível. Tornar o ensino interessante, animado, alegre.
O mundo mudou. A sociedade é outra. Logo a igreja é outra. Falar do passado é saudosismo. E se o presente não está bem, como vai ficar o futuro? E a escola dominical, em muitas igrejas, não conta com muito interesse e é pouco frequentada. E a igreja está aqui e agora é daqui para frente nossa luta. Qual é sua visão, irmão leitor, acha que tudo está maravilhosamente bem? Tudo normal? Ou é daqueles que já jogaram a toalha, a EBD mata a igreja é coisa dos “cabeças duras”? Para outros, já tornaram a EBD num encontro de café no domingo pela manhã, fazendo uma palestra, desenvolvendo a comunhão. Outros estão fazendo um domingo no parque, com brincadeiras jogos e um momento de louvor e adoração. E o que vem atraindo as multidões é um grande show no sábado e no domingo à noite, as células na semana.
Como já disse alguém: “Se você faz só o ordinário, não espere resultado extraordinário”.
Conclusão. Não quero concluir derrotado. Os pontos negativos são sinalizadores de que talvez algo tenha que ser feito. É preciso perguntar se estamos satisfeitos com o quadro que vemos. O que me parece é que não estamos sendo eficazes em algumas áreas. Os resultados espirituais, conversões, dependem de Deus. Em todos os momentos me lembro e me sinto animado com a expressão do Senhor Jesus: “Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” A igreja é uma instituição que nasceu para ser vitoriosa.”